O interior do nosso organismo é um universo complexo de eventos fisiológicos em permanente movimento e interação uns com os outros. O resultado desta dinâmica, da qual não temos a mínima perceção consciente, é o nosso comportamento, estado mental, capacidade física, etc. Neste universo, corpo e cérebro funcionam como uma unidade indistinta, por isso o que acontece num deles manifesta-se em tempo real, simultaneamente, no outro.

Alguns dos mecanismos que estão a decorrer, apesar de serem inconscientes, são possíveis de visualizar com a tecnologia certa. A este processo denomina-se biofeedback. Utilizando-se sensores ligados ao corpo ou ao crânio que detetam atividade física e cerebral, respetivamente, é possível espreitar para dentro do corpo e saber o que está acontecer em diversos momentos sem que se tenha consciência disso. Por exemplo, o que se passa com a tensão muscular quando descrevemos um acontecimento perturbador? Como reage a temperatura corporal quando relaxamos? Como a frequência cardíaca se adapta quando usamos a respiração para controlar um ataque de ansiedade? Munidos desta informação podemos aplicar técnicas para alterar comportamentos e reações indesejáveis do corpo. O biofeedback permite assim avaliar a que o corpo/cérebro reage, assim como treinar o controlo sobre a sua reatividade.

Uma das aplicações mais úteis do biofeedback está relacionada com stress crónico. Neste estado um dos inconvenientes mais perturbadores são as palpitações e a sensação de falta de ar, devido ao aumento da frequência cardíaca e respiratória que produzem uma sensação de quase desespero, bem conhecida das pessoas que têm crises de ansiedade. O biofeedback permite conhecer os estímulos que despoletam esta reatividade na pessoa, por isso podem ser prevenidos, assim como a pessoa pode aprender a travar estas alterações quando são despoletadas.

Esta tecnologia apoiada pela metodologia certa permite poupar anos de treino em práticas como a meditação, levando os seus praticantes a recolher os seus benefícios bem mais depressa. A aquisição de perceção corporal e dos fenómenos fisiológicos internos aproxima a pessoa de si própria. Quando se tem conhecimento das necessidades mais profundas de si próprio, é-se invadido por uma sensação de bem-estar e controlo indescritíveis. O mundo interior quando é respeitado torna-nos humanos preenchidos e em plena felicidade!