SERÁ QUE AS PESSOAS QUEREM MESMO DIMINUIR O STRESS CRÓNICO?

Há vários motivos, como quase tudo na vida, para as pessoas não quererem fazer algo, como eliminar o stress crónico. A primeira barreira de resistência é a percepção e o conhecimento que as pessoas têm sobre o que é estar em stress crónico. A esmagadora maioria das pessoas, profissionais de saúde incluídos, não sabe reconhecer os sintomas e sinais de stress crónico. A ideia que têm é que estar em stress é estar conscientemente perturbado, agitado, fora do seu controlo.

Também é isso sim. Mas sobretudo é um fenómeno psico-físico subtil, imperceptível, não consciente. Pode manifestar-se como uma perturbação digestiva (aceleração do trânsito intestinal, digestão lenta, perda de apetite, etc.), respiração superficial e necessidade de suspirar; impaciência, explosões emocionais por pequenos desagrados, dificuldade de concentração; tensões e dore físicas; e muitos outros. Quem é que recorre a um profissional de saúde dizendo que com estes sintomas e sinais está a sofrer de stress crónico? E mesmo que o faça, o que é que o clínico pode fazer para ajudar, sem ser confirmar o diagnóstico depois de excluir patologias (que coexistem com stress, ou na sua origem ou como consequência)?

Porém, para a pessoa detectar estas alterações e as relacionar com o estado do sistema nervoso precisa de estar muito conectada com o seu corpo. Nós somos seres de conexão, não só com o ambiente à nossa volta, mas também connosco próprios. Mas com as distracções e desafios externos é quase impossível prestarmos atenção ao que se passa no nosso corpo e estado mental. Então estas perturbações vao-se fazendo ouvir cada vez mais alto. O que acaba por levar a pessoa a recorrer ao clínico é quando as perturbações já ultrapssaram um limite em que passa achar que há algo que não está bem com o corpo.

Apesar de existirem ferramentas de avaliação para se determinar não só a presença de stress crónico, mas até o grau de perturbação fisiológica, na prática elas só são úteis quando a pessoa tem dúvidas e quer ser esclarecida. Mas o que se passa na verdade é que a pessoa não tem dúvidas, ela ‘sabe’ que stresss crónico não é de certeza absoluta. Então somos impelidos a ter de convencer a pessoa e esta a resistir ser convencida. E porque é importante que a pessoa aceite este diagnóstico? Porque sem ela aceitar, entender e colocar em prática um conjunto de acções, é realisticamente impossível ajudar a pessoa a ter uma solução definitiva e duradoura.

As ferramentas principais de avaliação do stress crónico são o perfil de stress, medicação da carga alostática e quadro clínico (conhecimento).

Quais os riscos de aceitar um diagóstico de stress crónico não sendo? O único é mesmo não se fazer uma avaliação médica de patologia, pois com ou sem stress crónico, podem já haver alterações patológicas que requeiram intervenção médica. Seja como for, não há nada a perder, pois as medidas para o tratamento do stress crónico, não havendo este quadro, vão optimizar a pessoa a nível físico e mental. Ou seja, a pessoa não perde nada e só pode é ganhar. E se o quadro for esse, pode começar a ter alívio da situação clínica ou de performance.

Não deveria ser uma luta convencer a pessoa de como é importante amenizar o stress crónico!