A sociedade está a viver mais um grande desafio. Em 2017 foi publicado um livro em que um dos coautores é um dos principais especialistas mundiais e conselheiro do Estado Americano em saúde pública, biossegurança e doenças infeciosas. Michael Osterholm, em ‘The Deadliest Enemy: Our War Against Killer Germs’, previa não só o que se está a passar, mas também qual seria até o local de origem, China.
A capacidade de previsão proveio simplesmente de uma análise atenta, conhecedora e profunda da forma como os serviços de saúde são geridos, como os governos organizam as estruturas de apoio e estabelecem as redes de suporte em situações de crise e, obviamente, da organização da sociedade, em diversos países. E este não foi o único especialista a prever estes acontecimentos, baseado em dados objetivos.
Bom, mas neste momento não há que perder mais tempo com o que deveria ter sido feito. Este é o momento de lidar com uma crise de saúde pública, de reorganização da sociedade e instabilidade psicológica.
Podemos defender-nos das seguintes formas:
- Primeira barreira – Impedir o vírus de chegar perto;
- Segunda barreira – Dificultar o desenvolvimento do vírus no nosso organismo;
- Terceira barreira – Combater e recuperar da infeção.
Esta é uma altura para baixar os níveis de stress e promover a recuperação e regeneração, pois a resiliência é daqui que parte. É o momento de estimular os mecanismos naturais fisiológicos que nos criam um escudo protetor. Não é altura
A primeira barreira de atuação é a que tem sido promovida de forma exaustiva e detalhada pelas autoridades oficiais, internacionais e nacionais. Esta primeira linha de defesa, centra-se exclusivamente em não ter contacto com o vírus. Como este se transmite pelo ar e no contacto direto entre seres humanos, há que limitar a proximidade física e estar em ambiente em que o vírus se possa transmitir pelo ar. Sabendo-se que uma pessoa está infetada, fica mais fácil evitar a proximidade, mas o problema é que não se sabe quem pode estar infetado. Aparentemente, nem todas as pessoas infetadas têm sintomas, por se estar em período de incubação ou porque simplesmente o seu sistema imunitário tem a capacidade de resolver a situação sem grandes perturbações visíveis ou percecionadas pelo próprio. É caso para dizer que só há dois riscos: alto risco ou risco desconhecido. Por isso, na dúvida a palavra de ordem é limitar a proximidade entre humanos. Embora em situação ideal a limitação absoluta de proximidade possa ser a grande solução, como esta situação vai durar muitos meses, não vai ser possível mantê-la. Esta é apenas uma solução para controlar o pico da crise, para que o sistema de saúde não colapse. Ao alargar o período de infeção, em que o mesmo número de pessoas pode ser infetado mas, ao longo de um período mais alargado, o apoio às pessoas afetadas torna-se mais fácil. As medidas mais importantes são evitar estar em aglomerados de pessoas e a desinfeção das mãos e equipamentos/objetos que possam ser veículos transmissores. É importante ler-se e reler-se a informação oficial sobre este assunto e adotar um comportamento protetivo, para nós e para os outros, principalmente dos mais vulneráveis. É por estarmos conscientes dos riscos e sabermos como mitigá-los que o devemos fazer, não por medo.
Se o vírus passar a primeira barreira de proteção, ainda temos algumas coisas ao nosso alcance, para lhe dificultar a vida. Estas medidas servem para conter o vírus e recuperar mais depressa em caso de infeção. E são as mesmas que deveríamos ter, com ou sem infeções, pois são as que nos levam a uma vida que vale mesmo a pena viver. Qualquer uma destas medidas é complementar às medidas médicas obrigatórias, não são uma alternativa.
O elemento chave para criar resiliência, nesta fase, é a redução dos níveis de stress crónico até ao ponto em que o sistema nervoso já não esteja em sobrecarga e, consequentemente, permita a recuperação e regeneração do organismo. É desta forma que se fortalece o sistema imunitário e o preparamos para lidar com os micro-organismos invasores, em vez de estar recrutado para gerir a sobrecarga do estilo de vida que lhe impomos. Aqui ficam algumas indicações fundamentais:
- Sono – Dormir tudo o que se precisa, que em situações normais tem uma duração de 7 horas a 9 horas diariamente. A fase de sono deve começar entre as 21h-23h, num quarto totalmente escurecido e relativamente fresco, para adultos entre os 15.5-20 graus centígrados e para crianças um pouco acima disso.
- Alimentação – A alimentação deveria, em situação ideal, eliminar os alimentos processados e o açúcar, consumindo alimentos dentro de uma janela, no máximo, entre as 8h e as 20h. As refeições não devem ser pesadas e deve-se permitir o repouso e do sistema digestivo de pelo menos 4 horas até à refeição seguinte.
- Atividade Física – É importante que haja movimento ao longo do dia, com diversos momentos em que as articulações sejam movimentadas no máximo da sua amplitude e que os músculos possam fazer movimentos contra resistências e carga, incluindo as pernas. Executar igualmente exercícios que façam disparar moderadamente o coração e que exijam movimentos em que os músculos se aproximam de alguma fadiga.
- Fotobiomodulação – A exposição solar é fundamental, em pelo menos 40% de área corporal, regularmente. Algumas das frequências de luz, como da banda de infravermelhos, funcionam como hormonas e neurotransmissores, influenciando muito um conjunto de processos regenerativos no corpo e cérebro. Além de reporem o ritmo interno circadiano.
- Respiração – Durante o dia tomar atenção à respiração e procurar que esta esteja pausada, suave, tranquila com um claro movimento abdominal e com expirações longas.
- Tratamento Físico – Deve procurar aliviar as tensões físicas através de automassagem ou alongamentos. É extremamente relaxante soltar o corpo e permitir que o sangue circule livremente.
- Temperatura – Expor-se a calor moderado em sauna ou banho turco e os duches de água fresca, são formas excelentes de estimular a produção de substâncias imuno-protetivas.
- Neuro-Regulação – A meditação, a socialização, o cantar, dançar e rir são formas excelentes de reduzir o stress e a ansiedade.
Aproveite esta crise para cuidar melhor de si!




