O stress crónico manifesta-se na pessoa através de alterações da sua fisiologia e da sua capacidade para interagir com outros seres humanos. O ser humano é extremamente sensível ao estado fisiológico de outro ser humano, o que lhe permite ler as suas emoções e estados interiores na forma de expressões faciais, vocalizações, comportamentos, etc. É um processo que decorre mesmo sem a nossa consciência.
Esta leitura e sincronização entre seres humanos é fundamental para as relações em sociedade. Mas mais ainda para a sobrevivência dos seres humanos em desenvolvimento que estão totalmente dependentes dos pais, desde recém-nascidos até à adolescência. Estes seres em crescimento dependem do estado interior dos pais e cuidadores para compreenderem o mundo, aprenderem comportamentos e desenvolverem a resiliência.
Quando os pais estão em stress crónico, em ansiedade, emitem muitas pistas através de expressões faciais, do olhar, do tom de voz, dos gestos, dos padrões respiratórios que as crianças captam mesmo quando adulto não se apercebe. Utilizam essa informação para gerar o seu próprio estado interior e sincronizar-se com as pessoas com quem contactam. Se o estado do adulto for de agitação e instabilidade emocional, as crianças ajustam-se a esse ambiente ficando da mesma forma. Isso implica uma responsabilidade muito grande do adulto, pois tem o poder de controlar o estado interior da criança.
O problema da criança que vive em stress crónico é que o seu crescimento é afectado, assim como a sua saúde e performance. Uma criança não é só mais vulnerável ao stress crónico, mas sobretudo tem menos controlo sobre os factores que o despoletam e menos recursos para lidar com ele. Se excluirmos factores de stress como a fome ou a privação de sono, o stress crónico que os pais manifestam é, segundo a literatura especializada, a principal causa de stress nas crianças. É muito importante que os pais e educadores cuidem de si, se querem ajudar os filhos a crescer saudáveis e resilientes. Manter o stress crónico sob controlo evita que os cuidadores culpabilizem e critiquem as crianças devido ao seu comportamento desadequado, querendo que elas se acalmem quando eles são os responsáveis e não o conseguem.




