Quando as nossas necessidades mais básicas de sobrevivência (segurança, financeiras, etc.), de relacionamento (conexão, atenção, pertença, etc.) ou auto-estima (reconhecimento, estatuto, crescimento profissional, etc.) não são satisfeitas, geram stress crónico. E geram-no porque têm por detrás o medo.
O medo, mesmo que inconsciente, de não satisfazer estas necessidades ativa o mecanismo defensivo fisiológico. Este fornece ao organismo, numa primeira fase, o que precisa para fugir ou lutar, que são os dois primeiros mecanismos de defesa contra toda e qualquer ameaça. Mesmo que esta forma de defesa não seja a mais adequada para o tipo de ameaça, é a resposta única que o corpo tem para oferecer.
As pessoas adoecem quando o seu sistema defensivo é acionado frequentemente, não desliga ou se for provocado por um estímulo demasiado intenso. Quando a pessoa está desconectada das suas necessidades, não dando ‘ouvidos’ aos sinais na forma de ansiedade, impaciência, raiva ou frustração, os efeitos do stress crónico vão fazendo estragos.
Quando o stress crónico é excessivo há uma dissociação entre as sensações físicas, muitas vezes de cariz desagradável, e a consciência delas. O corpo ativa este segundo mecanismo de defesa sempre que fugir ou lutar não elimina a ameaça. E fá-lo para evitar que a pessoa sofra. Como este mecanismo faz parte das estratégias de sobrevivência que previnem a pessoa que há algo que não está bem e que é preciso resolver. Mas se sentir é demasiado doloroso, há uma repressão de sentimentos, o que é devastador para a saúde.
Uma estratégia incrivelmente eficaz para dissipar alguns dos efeitos físicos do stress crónico é estar atento às sensações físicas que se geram no corpo. Uma forma de o fazer é deitar-se em local tranquilo e sentir apenas as sensações que o corpo transmite, ‘escutando’ onde estão as tensões, como as sente, que áreas do corpo estão mais afetadas; notar o padrão respiratório, se há áreas mais quentes ou frias, etc. Este é um exercício fundamental, pois ao viajar pelo corpo dá-se atenção às suas necessidades. O mesmo se passa com qualquer criança ou adulto, que nos seus momentos de angústia mais profunda, se for ouvida e se sentir compreendida gera um estado de segurança.